A Amazon anunciou em setembro seu primeiro tablet, o Kindle Fire, que impressionou por combinar um hardware decente, um software bem-elaborado, uma infinidade de conteúdo disponível e um preço bastante competitivo: US$199. O Fire não vai substituir seu laptop, obviamente, mas ele consegue fazer muito do que outros tablets fazem, só que por uma fração do preço. Ele chegou ao mercado esta semana e os principais blogs de tecnologia já usaram e deram suas opiniões sobre o novo tablet. O que ele acharam do Kindle Fire?
Neste frankenreview, focamos nas partes que interessam mais para os leitores brasileiros – tela, OS, navegador, bateria… Se você quiser saber mais sobre a Amazon Appstore ou as vantagens da assinatura Amazon Prime, vale ler os reviews completos. Se você quiser fazer root no aparelho, já pode – mas ainda não há ROMs feitas para o Fire. Dado que ele custa US$199, isso é questão de tempo.
Hardware
Joshua Topolsky, do site The Verge, gostou do design do Fire: “o dispositivo parece sólido e bem-feito nas mãos”. Segundo ele, o tamanho e peso do tablet parecem ter chegado a um tamanho e formato ótimo para muitos. Quanto ao peso, “ao contrário do iPad 2 com 600g, eu nunca senti cansaço depois de ler um livro ou revista no Fire”, com 412g. Só que “o design do Kindle Fire é tudo menos inspirado”, porque ele se parece demais – demais! – com o BlackBerry Playbook. “Não me entenda mal, o design não é ruim: só não é mesmo original.”
Sobre a tela de 7 polegadas, a CNET resume bem:
Na minha experiência, o sinal claro de qualquer tablet abaixo dos US$300 é baixa qualidade da tela. No papel, o tablet da Amazon parece fugir dessa tendência. O Kindle Fire oferece uma tela com resolução 1024×600 pixels com a mesma tecnologia IPS com grande ângulo de visão presente no iPad. Infelizmente, o brilho da tela não é tão bom quanto no iPad, mas está próximo e é brilhante o bastante para ficar ótimo dentro de casa. Se você quer algo que fique ótimo sob a luz do sol, tenho certeza que a Amazon ficaria feliz em adicionar um Kindle com e-ink à sua compra.
Quanto à traseira, importante em um tablet: “a traseira emborrachada pode não parecer elegante na mão ou aos olhos, mas toda a construção é robusta, e isso é reconfortante”, segundo o Engadget.
As especificações: processador TI OMAP dual-core de 1GHz, chip gráfico/GPU PowerVR SGX540 (o iPad 2 tem um PowerVR SGX543), 512MB de RAM, 8GB de armazenamento interno, e Wi-Fi – nada de 3G. E o que mais falta nele? “Algumas omissões são óbvias”, diz a CNET. “Não há GPS, nem mapas, nem suporte a áudio ou teclado Bluetooth, nem câmeras, nem microfone, nem uma engine ótima para jogos, nem saída para vídeo, nem bússola, nem giroscópio, nem chat, nem calendário e nem entrada para cartão de memória. Se há algo que lhe impeça de comprar este tablet, é isso.”
Software
Um dos diferenciais do Kindle Fire é o software bem-elaborado, que quase nem lembra o Android. Sam Biddle, do Gizmodo US, resume a experiência inicial:
O Fire não se parece com qualquer outro tablet com Android – e isto é algo muito, muito bom. Do momento que você o liga, o dispositivo é extremamente simples. “Onde está a tela inicial?”, alguém pode lhe perguntar. Tudo o que você vê é uma estante, preenchida com o que você viu recentemente: livros, revistas, apps, episódios de TV – tudo. A ênfase é diretamente em escolher coisas para estimular seus olhos (e/ou ouvidos) e o restante é secundário. Isto torna a interface não só simples, como intuitiva. Você não precisa pensar em como usar o Fire, porque ao contrário das tentativas estranhas da Apple em metáforas de interface, a interface da Amazon funciona perfeitamente: eis minha estante de coisas, qual vou escolher?
O desempenho do Fire é rápido, mas nem tanto: segundo o The Verge, “o Fire parece estar de igual para igual com seus irmãos com Android, mas é possível que a customização da Amazon esteja fazendo o tablet ficar um pouco mais lento” que o Android padrão. David Pogue, do New York Times, pega mais pesado: “você sente o preço de US$200 com cada deslizar do seu dedo”. Toques na tela às vezes não são registrados, não há indicador de progresso para saber se o Fire entendeu seu comando, e as animações não são fluidas – nem as de virar a página.
Outra reclamação comum é o botão virtual Home. No The Verge: “a Amazon criou uma navegação por software para usar o tablet, o que seria bom… se o botão Home não desaparecesse sempre em um menu oculto”. Ele volta à tela quando você a toca, mas isto pode ter outro efeito – como mudar de página em um livro, por exemplo.
Leitura
Você espera boa leitura de um Kindle, mas a experiência de leitura não é uniformemente boa no Fire. Para revistas e gibis, o problema é o excesso de zoom a se fazer devido ao tamanho da tela. Para livros, ela funciona. A Amazon oferece mais de um milhão de e-books, incluindo 800.000 e-books por menos de US$10. E no blog The Verge, Topolsky lembra que a experiência é semelhante à vista no iOS ou Android.
Mas parece que voltamos ao debate e-ink versus LCD. Para Sam Biddle, “depois de horas de leitura em um trem escuro, meus olhos estavam bem”. Para Jon Phillips da Wired, por não ter e-ink “o Fire não é o Kindle para quem quer principalmente explorar as maravilhas dos e-books – bem, pelo menos não os e-books tradicionais com foco em prosa longa”. Outros sites não dão destaque para o debate – afinal, ler em tablets já é algo bem comum.
Vídeo
Segundo a CNET, é no vídeo “onde o tablet da Amazon realmente se destaca”. Wilson Rothman, ex-Gizmodo, diz na MSNBC que “como o Fire é widescreen, ao contrário do iPad 4×3, os vídeos parecem quase tão grandes quanto no dispositivo maior da Apple”. E a qualidade da imagem “é comparável à do iPad”. Ele é competente, não pula quadros e a tela IPS ajuda na experiência – “mas sem saída HDMI, não há como levar vídeo para uma tela maior”, como lembra Tim Stevens, do Engadget. E se você pensa em usar o Fire para vídeo offline, “preste atenção na limitação de armazenamento do Fire: o espaço interno total é de 8GB, e só 6GB estão disponíveis”, diz a Wired.
Navegador Silk
Um dos destaques no software do Fire é o navegador Silk, baseado em Webkit e com suporte a Flash, que renderiza as páginas na nuvem para diminuir a carga de processamento da CPU no aparelho. Funciona? Segundo o Engadget:
O Fire é uma boa máquina para renderizar, não a melhor do mundo porém capaz de se manter com os melhores, sem distorções ou artefatos visuais que indiquem a natureza remota da renderização. No entanto, se formos além de velocidade pura de renderização, interagir com as páginas definitivamente parecia lento às vezes. O pinch-to-zoom saltava um pouco na tela, e as páginas rolavam com lag.
Apps
O destaque do Fire não são os apps. Eles são mais uma categoria de conteúdo, ao lado de música, livros e vídeos. Não há Android Market no aparelho, mas ele tem 8.500 apps disponíveis para download - entre os quais Angry Birds, Fruit Ninja, Netflix, Facebook e Twitter - através da Amazon Appstore. Só que ela não funciona fora dos EUA.
Mas é possível instalar qualquer app no Fire, desde que você tenha o arquivo APK dele. O Engadget conta a experiência: “Enquanto o carrossel de itens usados recentemente é ágil e fluido, nós tivemos resultados inconsistentes com APKs que carregamos no Fire. O mídia player da Amazon funciona bem, mas entre os apps de terceiros que oferecem melhor compatibilidade com formatos de arquivo, nenhum funcionou bem. Dito isto, jogos 2D como o onipresente Angry Birds rodou sem problemas (via APK), e jogos 3D simples como Fruit Ninja não tiveram problemas também.”
Bateria
Eis as palavras de Walt Mossberg, do Wall Street Journal:
Em meu teste padrão de bateria, tocando vídeos com o Wi-Fi ligado e a tela com 75% de brilho, o Fire durou 5h47min, ou menos de 60% que o iPad 2 no mesmo teste, e cerca de uma hora a menos que o Nook Tablet. Em uso mais geral, eu não me preocupei com a bateria. Mas o Fire requer cargas mais frequentes que o Kindle tradicional.
Conclusão
Para Joshua Topolsky do site The Verge, “não há dúvida de que o Fire é um ótimo tablet pelo preço”. Isso considera o conteúdo acessível através dele, e nem tudo pode ser acessado no Brasil, mas “o aparelho tem design decente, e o software – apesar de precisar de alguns ajustes – é mesmo assim excelente comparado a tudo no mesmo espectro”.
Mas, “quando comparado a outros tablets populares”, diz o Engadget, “o Fire não consegue competir”. A performance é inferior, a interface tem problemas, o espaço interno é pequeno, assim como a tela (para ler gibis, por exemplo). “Outros tablets maiores fazem isso melhor – por preço duas ou três vezes maior.”
A Wired diz que não entrou no hype: “ele não faz nada muito bem, exceto reproduzir vídeos, rodar diversos apps para Android e tornar o negócio de comprar na Amazon algo perigosamente divertido e fácil”. Mas Wilson Rothman, da MSNBC, está empolgado com o aparelho e diz que “o Kindle Fire consegue fazer cerca de 80% do que eu quero em um iPad, por 40% do preço – e muito do que está faltando não fará falta por muito tempo”. Para o Gizmodo US, “este é o melhor tablet com Android até hoje”
by Gizmodo
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